quarta-feira, 16 de abril de 2014

Quando excelentes vinhos foram "apenas" coadjuvantes


Foi uma noite com tudo especial,  as pessoas, a conversa, o ambiente, a comida. No fundo os vinhos foram apenas um complemento a todo este cenário. Só para vocês entenderem o quão especial foi, os vinhos que complementaram a noite foram “apenas” o clássico Don Melchor,  o consagrado Quinta do Vale  Meão e o surpreendente (pois não conhecia ainda vinhos brancos desta DOC) Schiopetto Sauvignon Collio.


A conversa passou por muitos temas: as dúvidas filosóficas da  insignificante existência do homem frente à descoberta do bóson de Higgs  e a imensidão cada vez mais conhecida do universo, óbvio a política nacional com indignações de todas as manobras para evitar o julgamento do Mensalão e por fim um tema mais ameno que foi as maravilhas da sétima arte, o cinema.

Obs.:  as outras seis artes são Arquitetura, Escultura, Pintura, Música, Dança, Poesia, segundo o Manifesto das Sete Artes do italiano Ricciotto Canudo.

Começamos com entradas regadas pelo Casa Valduga Arte Elegance, um espumante feito no estilo tradicional com Chardonnay e Pinot Noir que acompanhou muito bem queijos, canapés de  bacalhau desfiado e castanhas.

O serviço do jantar começou com salada de folhas verdes, kani e ricota, seguido por uma polenta mole com funghi, todos acompanhados pelo surpreendente Schiopetto Sauvignon Collio, um branco da região de Fruilli, Veneto , região de excelentes brancos italianos, que apresentou uma acidez bem equilibrada e toques minerais bem pronunciados.

O prato principal foi um filet com queijo brie, couz-couz marroquino com vegetais e batatas fritas. Nem preciso dizer que os vinhos que acompanharam o prato foram algo perto do divino. Primeiro o Quinta do Vale Meão, o vinho do Douro que já conquistou a alcunha de Barca Nova, referência ao ícone português Barca Velha.  Depois o Don Melchor, o primeiro ultra-premium vinho chileno.

O Quinta do Vale Meão é predominantemente de Touriga Nacional, a cepa mais importante hoje de Portugal, com corte de outras cepas tradicionais do Douro como Touriga Franca, Tinta Barroca e Tinta Roriz. Com cor vermelha profunda,  aromas complexos e ótimo volume na boca,  realmente este vinho é um expoente da vinivicultura portuguesa.

O Don Melchor é um dos clássicos chilenos que despontaram já desde o final do século 20. Este exemplar de 2007 mantém esta tradição, bem pontuado pela crítica e representa bem os vinhos do novo mundo com bom corpo, aromas de tabaco, chocolate, compota.

A sobremesa foi um brownie de chocolate com sorvete de creme e calda quente de chocolate. Eu continuei com o Quinta do Vale Meão e Don Melchor. Os vinhos  ficaram um pouco mais amargos mas, como eles tem ótima estrutura, combinaram bem. Na verdade, eu não iria deixar nenhuma gota desses vinhos na garrafa, independente do que viria após o prato principal ;)).

Terminamos a noite em completa harmonização com comida, vinho, assuntos e ambiente.

Conseguiram entender como foi essa noite, na qual esses espetaculares vinhos foram apenas coadjuvantes?